one art // uma arte

ana canellas
2 min readAug 26, 2021

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(de elizabeth bishop. traduzido em agosto de dois mil e vinte um, em uma semana que perdi muitos objetos.)

Uma arte

A arte de perder não é difícil de dominar
Tantas coisas parecem estar cheias da intenção
de serem perdidas que a sua perda não é nenhum desastre.

Perca algo todos os dias. Aceite a inquietação
das chaves perdidas, a hora mal gasta.
A arte de perder não é difícil de dominar.

Então pratique perder mais, mais rápido:
Lugares e nomes e para onde você pretendia
viajar. Nada disso será um desastre.

Perdi o relógio de minha mãe. E, olhe! A última, ou
penúltima, das minhas três casas amadas se foi.
A arte de perder não é difícil de dominar.

Perdi duas cidades, agradáveis. E, ainda mais,
alguns reinos que me pertenciam, dois rios, um continente.
Sinto saudades, mas não foi um desastre.

-Até mesmo te perder (a voz divertida, o gesto que
amo) Eu não deveria ter mentido. É óbvio que
a arte de perder não é difícil de dominar
ainda que pareça (escreva!) pareça um desastre.

One Art

The art of losing isn’t hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.

Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn’t hard to master.

Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.

I lost my mother’s watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn’t hard to master.

I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn’t a disaster.

— Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan’t have lied. It’s evident
the art of losing’s not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster.

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